PARTE XIII – Tudo posso naquele que me fortalece.

Nos momentos em que eu ficava sozinha no quarto, que eram bem poucos eu conversava muito com Deus e comecei a devorar minha Bíblia que foi presente da minha Líder, comecei por Apocalipse, achava que se o pior me acontecesse eu deveria saber o que aconteceria comigo depois.

Fique simplesmente encantada com a misericórdia de Deus, afinal pelo que foi descrito o Juízo Final não aconteceria de um dia para o outro, seria por partes para que mais pessoas tivessem a oportunidade de se arrepender diante do resplandecente Poder de Deus e se salvarem.

Lembrei me de Daniel que eu também não conhecia toda a história e comecei a ler, pessoa tão dotada de talentos e com uma fé que inspirou o rei da época a ter zelo pela vida dele, fiquei mais calma, afinal de contas Deus permitiu que Daniel ficasse frente a frente com os leões para que as pessoas acreditassem que o Deus que ele servia era de verdade milagroso. E no meio da minha busca por forças lembrei que a minha Líder uma vez comentou comigo sobre Jó, comecei a ler e fiquei encantada também, ele passou por coisas muito maiores do que as que eu estava passando e resolvi fazer um propósito com Deus, a partir daquele momento, eu passaria por tudo o que Ele quisesse, pedi para que Ele não me poupasse que assim como Ele era Deus de Abraão, Deus de Daniel, Deus de Jacó, Deus de Jô, que Ele pudesse ser Deus da Thaisy e pedi um sinal para que eu tivesse a certeza de que Ele tinha concordado com o meu pedido.

Não demorou muito e eu recebi uns papeis do hospital para assinar e vi que tinham escrito o meu nome errado: Thaysy, eu sei uma letra só poderia ser mais erro de digitação de alguma recepcionista distraída do que um sinal de Deus. Mas assim como Deus mudou o nome de Saulo para Paulo e de Sarai para Sara, Abrão para Abraão, acreditei que ali Ele estava mudando o meu nome de Thaisy para Thaysy e me preparei para o que viria.

 

 

 

PARTE XII – Prepare-se a festa só está começando.

Desde a hora que eu tinha sabia do diagnostico não havia chorado novamente, enquanto ela falava eu não esboçava nenhuma reação, estava perplexa, meu pai questionava ainda sobre as chances que eu tinha de cura e ela sempre respondia de forma fria, dizendo que isso dependia de cada caso que não poderia dizer nada antes de termos confirmação do diagnostico, mas que existiam 4 tipos de Linfoma e que alguns chegam a ser bem complicados com ciclos de quimioterapia que duram 9 meses e quanto mais ela falava mais eu sentia que precisava de alguma coisa bem maior para me segurar ali, eu estava caindo em um abismo sem nem ao menos sair da cama.

Meu pai sempre foi do tipo de pessoas que não demonstra os seus sentimentos e eu tive a leve impressão de vê-lo sair do quarto chorando, aí eu não agüentei e desabei a chorar, eu pensei ali no íntimo do meu coração: Deus, agora não, sou nova ainda, me deixa aqui que prometo viver pra Ti.

Depois a médica pediu para me examinar e ao fazer isso percebi que ela ficou de certa forma emocionada, não sei explicar, mas era como se ela tivesse vendo em mim outra pessoa, comecei a pensar que ela poderia ter seguido essa profissão por ter perdido alguém próximo, isso explicaria o jeito como ela falava da doença e agora o jeito como me tratava.

Médica saiu do quarto e o pessoal começou a entrar novamente, duas amigas de infância estavam lá a Cintia e a Luana e esse trio não se reunia há muitos anos, eu fiquei feliz em tê-las ao meu lado, mas naquele momento eu senti que eu deveria ser mais forte do que todo mundo, todos ficaram muito mais abalados do que eu e começaram a me olhar com cara de pena, como se eu estivesse realmente condenada.

 

 

 

PARTE XI – A Bíblia diz que Deus não te manda para onde a glória dEle não posso te alcançar…

Assim que meu celular recuperou a vida eu liguei para a minha Líder, contei resumidamente o que tinha acontecido e pedi para ela ir me visitar e se pudesse levasse o Pastor Se Ban com ela, eu precisava de pessoas mais fortes do que eu perto de mim, ela foi à tarde com a Pra. Ni, isso me trouxe grande paz me preparando para o que estava por vir.

Logo muitos familiares e amigos souberam que eu estava no hospital e foram me ver, durante uma dessas visitas movimentadas eu recebi uma que não foi tão agradável, uma médica entrou no quarto e pediu que ficassem somente ‘a paciente e os pais’, como eu me recusei a colocar a roupa de interna, ficava difícil saber que eu era a paciente, não eu não ficava deitada o tempo todo, quem me conhece sabe.

A médica chegou perguntando se sabíamos o que era um câncer, disse para não termos medo da palavra porque era isso o que eu tinha (?!).

Perguntou se eu trabalhava, se estava estudando e há quanto tempo usava aparelho nos dentes. Disse que eu teria que parar de trabalhar, que trancaria a faculdade, tiraria o aparelho e deveria começar a cortar o cabelo, porque sim ele ia cair (todo). Nessa hora juro que nem chorar eu conseguia mais.

 

 

PARTE X – E agora José?

Minha mãe foi com a Dani para casa pegar algumas coisas e dar início a papelada para a minha internação, enquanto isso eu fiquei sozinha e de vez em quando entrava um enfermeiro para ver se eu estava bem, enquanto isso eu orava, pedia a Deus para me ajudar, dizia que não estava pronta para ir embora, que não achava que tinha dado o meu melhor para o Senhor, se Ele me cobrasse eu não teria nenhuma alminha para levar comigo, eu só tinha 21 anos não tinha feito nada, absolutamente nada para o Senhor.

Os enfermeiros entraram e me levaram para o quarto, eu já estava cansada da maratona e meu celular sem bateria, não tinha como eu falar com ninguém, como reclamar com ninguém, eu precisava de um refugio, um ponto de força, algo que me acalmasse e quanto mais eu olhava para as pessoas, menos inspiração para enxergar a situação eu encontrava, as coisas aconteciam tão rápido que eu não estava assimilando muito bem.

Minha mãe chegou trazendo o carregador do meu celular, eu não conseguia comer, sentia dor, estava cada vez mais nervosa e o pior de tudo é que eu não podia mostrar isso para ninguém, minha mãe parecia mais desolada do que eu e minha prima preocupada demais com o todo, não demorou muito e meu pai estava no hospital, foi um dia bem longo até que as coisas começassem a fazer sentido, é eu estava definitivamente nas mãos de Deus e a partir dali seria feita única e exclusivamente a vontade dEle.

 

 

PARTE IX – Um pouco mais sério do que eu imaginava

 

Por volta das 10h acordei novamente com muita dor no estomago e dessa vez podia ser tudo menos gastrite, como eu só estava com o meu irmão em casa, então liguei novamente para a minha prima e disse que a dor tinha voltado, ela pediu para eu ficar calma que ela mandaria o motorista dela me buscar enquanto ela tentaria falar com o médico amigo dela.

O motorista veio e me levou ao pronto socorro novamente, mas antes de me aplicarem a medicação contra gastrite minha prima me liga dizendo que conseguiu falar com o médico e que ele disse para eu não tomar nada antes de vê-lo.

Fomos para o hospital onde ele trabalhava e encontrei com a minha prima e com a minha mãe lá, contei toda a história, ele disse que poderia ser sim uma bronquite desenvolvida após a grande exposição à poeira que eu tive na reforma da igreja (sem piadas ok?) e eu logo disse que acreditava que pelos sintomas eu estava com Linfoma (o Google já tinha me dito, mas eu não queria acreditar), quando eu disse isso senti que tanto o médico quanto a minha prima ficaram assustados com a possibilidade de um câncer.

Minha dor estava aumentando e ele sugeriu que eu fizesse a tomografia antes de tomar a medicação, eu fiz o exame e fui transferida para uma salinha onde recebi medicação, poucos minutos depois o médico entrou na sala onde estávamos a Dani (minha prima), minha mãe e eu e disse que realmente eu estava com Linfoma, mas não saberíamos o estádio da doença antes de uma biópsia e que o melhor que podia ser fazer era me internar.

Nesse momento eu chorei com a alma, a suspeita tinha se confirmado e pelo que eu já tinha pesquisado da doença não era brincadeira, mas Deus quando chama não tem para onde correr e Ele não ia me deixar desamparada, não ali.

 

 

PARTE VIII – Mais uma visita ao pronto-socorro

A semana correu a base de inalações, até que na sexta-feira dia 02 de outubro de 2009 eu fui para a faculdade depois do trabalho fazer uma prova de economia. Eu tinha passado o horário de almoço estudando e não tinha me alimentado direito, logo na hora da prova eu estava com muita dor no estomago e acreditava que era por causa da gastrite, já que eu não tinha comido nada e não estava nada tranqüila com uma prova cheia de gráficos de oferta e demanda – que fique claro que sofri, mas aprendi a fazer tudo bonitinho.

Terminei a prova e fui para casa, jantei e dormi. Acordei de madrugada com muita dor no estômago, como a dor era muito forte comecei a ficar nervosa e a sentir falta de ar quase completa, como não tinha sentido até então, era rodízio do carro e meu pai tinha deixado-o em São Miguel onde ele trabalha então pedi que ele ligasse para a Danielle, uma prima super querida, que mora aqui pertinho, assim ela me levasse ao hospital.

Enquanto eu a esperava deitei na cama dos meus pais e Deus começou a me falar sobre Daniel, um servo que havia sido colocado dentro de uma cova com leões e não tinha temido, comecei a me acalmar com aquelas palavras.

Fui para o hospital e o médico disse que era gastrite mesmo e no caminho de volta eu contei para a minha prima tudo que estava acontecendo e ela disse que antes de eu fazer a cirurgia da biópsia ela pediria para um amigo dela me examinar para termos uma segunda opinião já que não era normal uma pessoa com o meu estilo de vida de uma hora para outra começar a freqüentar o pronto socorro de madrugada. Ela nos deixou em casa, meus pais saíram para o trabalho e eu voltei a dormir.

 

 

 

PARTE VII – O começo da provação

Em uma sexta-feira, eu estava indo para a faculdade e lembrei que o pessoal estaria na igreja ajudando na reforma e tinha que estar tudo pronto para receber a visita de um Pastor convidado, o Pr. Adilson se eu não me engano e em vez de ir à aula eu fui para a igreja ajudar o pessoal.

Mexemos com muita tinta, lixamos e pintamos paredes, trabalho árduo, mas no final deu tudo certo e eu ainda trabalhei no MEMA Kids nesse final de semana cuidando dos pequeninos enquanto as mamães assistiam ao culto.

A semana começou normalmente, até que na terça-feira eu estava me arrumando para ir à aula e comecei a me sentir muito cansada, com falta de ar, liguei para o meu pai e pedi para ele ir ao hospital comigo, fomos e o médico disse que era normal por eu ter rinite alérgica, podia ser que eu estivesse desenvolvendo bronquite asmática já que tinha me exposto muito durante a reforma.  Me receitou inalações e encaminhamento para um pneumologista. Marquei a consulta para quinta-feira, foram feitos raios-X do tórax (que apresentou uma anomalia nos pulmões que poderia comprovar a bronquite ou ser um problema no coração, então foi pedido uma tomografia. Além disso eu tinha desenvolvido uma “bolinha” na região supra clavicular direita que eu já tinha descoberto no Google que se tratava de um linfonodo que estava inflamado, mas como eu fazia academia e jogava basquete preferi acreditar que era algo muscular e não o pior. Porém o médico não quis dividir minha convicção e pediu uma biópsia da bolinha que seria feita através de um processo cirúrgico, agora pense o medo que eu estava. Essa bolinha apareceu na semana antes de eu ir ao Encontro e cheguei a ligar para a minha Líder Monique e dizer que estava com medo de ir ao encontro porque eu poderia estar com caxumba ou algo assim, mas Deus estava me preparando para o que viria depois, com todo amor do mundo a Monique me tranquilizou e me convenceu que o melhor ( e era mesmo) seria eu ir..

Na madrugada de sábado para domingo eu voltei a ter crises respiratórias, mas mais uma vez o diagnóstico era de bronquite asmática, acabei não indo para aula na Escola de Líderes que era aos domingos de manhã na igreja, como eu estava ficando assustada com essas visitas ao pronto socorro comecei a procurar qual poderia ser a verdadeira causa dos sintomas já que eu não aceitava o diagnóstico do médico porque ninguém desenvolve uma bronquite depois dos 20 anos de idade se não tiver alguma referência da doença na infância e eu sempre tive bons pulmões.

 

 

PARTE VI – O Encontro

As pessoas na igreja gostavam de me contar como tinha sido para elas conhecer Jesus e as maravilhas que eles já tinham vivido. A maioria experiências sobrenaturais que tiveram durante ou depois do encontro e quando mais falavam mais vontade eu tinha de ir a esse encontro, era disso que eu precisava de um verdadeiro Encontro com Deus.

Foi marcado um encontro desses para o mês de maio, cheguei a pagar uma parte do valor e até fazer o pré-encontro, não lembro o motivo o encontro foi adiado e eu acabei não indo dessa vez, fiquei muito arrependida e orei para que Deus não permitisse que isso acontecesse novamente afinal já era o segundo encontro que eu perdia se contarmos com o da época do colégio.

Um tempo passou e foi marcado um novo encontro para o mês de agosto, como eu faço aniversário no dia 05/08 prometi que esse seria o meu presente de aniversário para mim mesma, refiz o pré-encontro com a Jaque, 12 da Pastora Adriana (foi a Jaque quem Ministrou também o meu primeiro pré-encontro, o de maio), e posso garantir que nessa semana que antecedeu o encontro, aconteceu tudo que era possível para que eu ficasse balançada a não ir, inclusive aparições de pessoas que eu achei que tinham sumido de vez da minha vida. Além de todas as intrigas do mal, o Encontro estava para ser cancelado, como era época em que a gripe H1N1 estava ‘na moda’ todos os eventos que envolvessem reunião entre muitas pessoas estavam sendo cancelados.

Porém a noite uma das pastoras, a querida Pra. Ni foi acordada de madrugada pelo Espírito Santo que lhe mostrou – pasmem – o meu rosto e disse que o Encontro tinha que ser realizado por minha causa e ainda que há festas no céu quando uma pessoa na Terra tem um Encontro genuino com Jesus o aceitando como seu único Senhor e Salvador.

Eu que nem imaginava esse episódio estava decidida e nada nem ninguém iam tirar de mim o desejo de conhecer o sobrenatural que tanto falavam e que o próprio Deus tinha me reservado.

Tudo certo fomos para o Encontro e para minha surpresa a minha Líder linda Monique também foi de ‘encontrista’, não fiquei sozinha nem um instante, até quando eu estava REALMENTE na presença de Deus ela estava lá cuidando de mim.

No segundo dia, quando a Jaque pregava sobre Aliança, foi o momento exato em que eu tive o meu verdadeiro Encontro com Deus, um momento extraordinariamente sobrenatural, tudo o que todos tinham me dito parecia pouco perto da sensação que eu tive naquele instante, era o próprio Deus que tinha me pegado no colo e estava carinhosamente conversando comigo como se eu fosse uma criança que não estava preparada para enfrentar o mundo.

Voltei do Encontro completamente transformada, querendo mudar o mundo, meus pais não sabiam direito o que tinha acontecido, mas viam a minha mudança, minha irmã ficou um tanto chateada por eu não ter escolhido ficar na mesma igreja que ela, mas Deus tinha me plantando na igreja MEMA e o que Deus me mandava fazer eu não questionava. E mais do que nunca orava: “Senhor, menos de mim para ser mais de Ti, me usa como instrumento de Tua Vontade”.

 

 

PARTE V – A mudança

Confesso que foi difícil no começo, muito difícil. Algumas coisas eu demorei a entender que não eram de Deus, ou melhor, que não agradavam o coração de Deus.

Por mais que eu desejasse largar algumas manias meu Espírito não era fortalecido o bastante e eu precisava de algo maior, de mais intimidade com Deus e dia após dia eu tinha que rever minhas atitudes. A luta era constante.

Sabe quando você está em começo de relacionamento? Você se encantou pela pessoa, mas ainda faltam detalhes, falta conhecer os gostos e desgostos dela, todas as formas que a agrada, porque afinal você quer conquista-la da mesma forma que foi conquistado. Eu me sentia assim em relação a Deus.

Cheguei a pensar que Deus tinha se enganado quando escolheu a minha Líder (depois que passei a frequentar a igreja MEMA, a Monique se tornou minha Líder para assuntos espirituais como acontece nas igrejas que tem a visão G12), eu me sentia constrangida em falar algumas coisas que eu sabia que tinha feito de errado e ela sempre foi um exemplo tão perfeito a ser seguido, mas com o tempo eu percebi que aí estava o grande segredo dos planos de Deus: quanto mais a minha Líder fosse um exemplo perfeito a ser seguido, melhor seria para mim que tinha alguém de carne e ossos para imitar, assim como os discípulos imitavam o caráter de Jesus.

PARTE IV – O tão esperado Domingo

 

Chegou o domingo e lá fui eu conhecer o culto, nunca chorei tanto na minha vida e olhe que eu vinha de uma temporada de três meses de depressão. A cada palavra que o Pastor dizia eu simplesmente me derretia, ele estava falado comigo, lembro-me dele dizer:

– Às vezes você se pega à pequenas coisas na vida, como uma criança se pega a um doce que está chegando ao fim, daí Deus pede para você largar e você questiona dizendo que não pode deixá-lo porque é o único que você tem. Não percebe que Deus está dizendo largue este pirulito que está no fim porque eu tenho outro novinho para te dar, mas Deus não mostra o melhor antes porque quer que você confie nEle.

Pode parecer um exemplo pequeno, coisa boba que serve para qualquer pessoa, em qualquer situação ruim na vida, mas não foram somente as palavras que mexeram comigo. Eu não as escutei com a mente e sim com o coração. Foi como se o próprio Deus estivesse me dizendo: “Filha, confie em mim”.

Trago essas palavras comigo até hoje, quantas coisas eu não estava carregando e Deus pedindo para eu largar porque Ele tinha algo melhor para a minha vida?

Desse dia em diante passei a orar dizendo somente isso:

 

“Senhor Deus, em nome de Jesus eu te peço, que a cada dia seja menos de mim para ser mais de Ti Paizinho. Usa-me como instrumento de Tua vontade.”