PARTE XVIII – E o cabelo?!

 

Passado e entendido o episódio da mudança de aparência, depois da oitava sessão de quimioterapia o meu cabelo começou a cair de verdade, eu tomava banho e saia os montes na minha mão, eu só chorava.

Não perguntava nada à Deus e Ele também não falava, ficávamos os dois ali no chuveiro só olhando um ao outro e de certa forma tanto eu quanto Ele sabíamos que essa era outra fase que superaríamos juntos e na hora certa.

Recebi uma ligação do Beto, meu cabeleireiro e amigo, ele disse que tinha “um cabelo” para mim e que quando eu quisesse eu poderia ir busca-lo.

Eu fui e pedi para ele cortar o meu cabelo o mais curto que ele pudesse com a tesoura, não queria que ele raspasse porque eu não tava pronta pra ouvir o barulho da maquininha, seria muito Carolina Dickman em Laços de Família.

Daí ele fez o que pode e eu sai de lá com uma peruca longa morena, que usei durante um bom tempo e muita gente não percebeu que era peruca.

Quando eu voltei para casa e fui tomar banho, enchi a mão de shampoo como estava acostumada a fazer e fui lavar o cabelo e a sensação era de que eu estava lavando a cabeça de um bebê e Deus falou claramente ao meu ouvido:

– Agora sim, você nasceu de novo.

E várias vezes minha mãe quando passava a mão na minha cabeça quando eu deitava no colo dela sempre falava que lembrava de quando eu era neném e ela passava a mão na minha cabeça.

 

 

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